Queridos amigos,
Em Agosto completou 8 anos que meu pai partiu.
Muito rígido, desde muito cedo teve que assumir várias responsabilidades, que ao mesmo tempo o tornou exigente com os outros e mas bom ouvinte e pronto para ajudar.
Esta imagem do meu pai, eu consegui vislumbrar pouco antes dele nos deixar.
Lembro bem que quando era pequenina, morria de medo daquele homem enorme, com a expressão fechada e olhos poderosos, que me fazia correr como um gatinho assustado para debaixo da cama, ou chorar desconsoladamente por horas, sem ao menos encostar a mão em mim.
Era apaixonada por meu pai. Sua postura segura, ele sempre foi meu herói, capaz de resolver todo e qualquer problema, eu o admirava profundamente, ao mesmo tempo que o temia.
Lembro que adorava ficar pertinho dele, sentir seu cheiro, ouvir sua voz grossa, potente.
Ele sempre trabalhou muito, lembro uma época, que os gêmeos haviam nascido, de uma gravidez que não foi planejada ( se é que as outras foram ), e meu irmãozinho não sobreviveu, logo depois meu pai perdeu o emprego e começou a vender de porta em porta.
Depois de algum tempo, conseguiu um emprego em sua área, mas tinha muito trabalho e eu quase não o via, devia ter uns 7 ou 8 anos, perguntei para minha mãe se ele havia ido embora, minha mãe negou, mas eu queria ver com meus próprios olhos. Aquele dia fiquei esperando meu pai querido até às 23hs30, ele chegou e estranhou a minha presença, mas não falou nada. Eu dei um abraço nele, um beijo, comi a laranja que ele não havia comido na empresa e fui dormir, feliz da vida porque meu pai não tinha ido embora, e mais feliz por ele ter sido só meu naquele momento.
Hoje sei que ele não era assim tão perfeito como eu acreditava, nem tão justo como eu tinha certeza, mas dentro das várias e várias barreiras que a vida lhe impôs ele sempre demonstrou coragem, determinação e fé.
Aprendi muito com meu pai, sobre "n" coisas, mas o que me marcou mais foi sua característica principal: as pessoas não tem culpa da minha dor, as pessoas não tem culpa das coisas que eu passo, devo tratar a todos como gostaria de ser tratado.
Ficou internado durante meses e meses, e as enfermeiras eram só carinho com ele....Diziam q nunca tiveram um paciente tão bonzinho....
Existem épocas que vou ficando mal sem perceber: dia dos pais, perto do dia 21/08, Natal, Ano Novo.....Vai dando uma certa tristeza, um vazio.....É a falta dele q o subconsciente não esquece.
Tenho certeza que ele está tomando conta da minha família....vez por outra sinto a presença dele e minha filha disse que outro dia ele veio visitá-la ( e foi com toda a propriedade).
Lidar com a falta física é muito complicado e me ressinto muito pelos meus filhos não terem conhecido o avô. Ele sempre foi um pai muito rígido, mas era um avô doce e amoroso.
Talvez por este motivo eu queira tanto estar presente na vida dos meus filhos, e que eles tenham lembranças amorosas e boas ao meu respeito, por que a vida acontece agora, depois já será muito tarde para recuperar o que não se teve. Eu aproveitei o quanto pude, dentro da medida do possível estar com meu pai, lembro do cheiro, da voz e do olhar, que mesmo quando ele não enxergava mais, parecia que se aprofundava em sua alma......
Podia ficar horas e páginas falando dele para vocês, mas não vem ao caso, kkk, só queria mesmo compartilhar.
Beijo imenso......
Meu pai e Amanda ( 1ª Neta )
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