O Natal está chegando e me dá uma certa irritação, misturada com nostalgia, com tristeza e com alegria. É uma salada de emoções.
Quando eu era pequena sempre ficava triste no Natal, não entendia porque as outras pessoas ficavam tão felizes, tão emocionadas, não entendia esta data.
Meus pais ralaram muito e sempre para não deixar faltar nada para nós, fora que ele acumulava outra família, a da minha avó, mãe dele. Então não era fácil. Não existia Papai Noel e mal sabíamos que Jesus havia nascido naquela data.
Os brinquedos eram comprados e logo abertos, pois meus pais não consideravam muito a noite de Natal, na realidade para nós era uma noite qualquer. No dia de Natal tínhamos uma mesa farta, com um pernil que durava quase uma semana, essa parte eu amava. Então Natal para mim resumia-se a um monte de pernil e uma boneca muito esperada.
Aos poucos, conforme fui crescendo, fui entendendo o dito espírito natalino, as comemorações que aconteciam e o aniversariante do dia, sempre esquecido, mas nem por isso o Natal era uma data feliz.
Eu ia dando motivos para a tristeza natalina e achava que era porque não tinha um namorado, que me amasse, me sentia muito sozinha, pois também não me sentia muito querida pelos meus pais.
O tempo foi passando, depois de alguns anos comecei a namorar, mas a sensação continuava lá. Agora já tínhamos festas, eu tinha minha sobrinha, a 1ª, que preenchia alguns espaços, outros preenchidos por minha priminha, mas não conseguia me emocionar.
Muitas coisas aconteceram, meu pai estava doente e permaneceu doente durante uns doze anos, me casei, tive dois filhos e a vida não brilhava, não emplacava, minhas maiores alegrias, meus filhos sempre.
Vi meu pai batalhando, lutando pela vida, e foi durante essa luta, presenciando a briga dele para continuar vivendo, que comecei a aprender o verdadeiro significado do Natal e da vida.
A cada ano que chegava ao final e meu pai continuava ali, nos primeiros anos perdendo a visão gradativamente, nos anos finais, sem uma das pernas, mas firme, forte e determinado a não esmorecer, foi que aprendi que o mais importante não são os presentes, não é a comida, não é a festa. O mais importante é estarmos vivos e na companhia das pessoas que amamos, é priorizar o nascimento daquele bebê, que como cada um de nós, tinha seu destino traçado, no caso dele muito claro, no nosso para descobrirmos e tentarmos acertar.
Depois de alguns anos que meu querido pai faleceu, demorou um pouco para eu poder sentir o Natal, fui tirando as tristezas da vida, porque elas não devem ocupar espaços em nossas almas, tirando o que me fazia mal, e fui ficando só com que me deixava feliz. Criando novas expectativas, fazendo novos projetos, vivendo a vida de forma leve e feliz. Porque é assim que deve ser.
O Natal me remete a reflexão em relação ao que fiz de bom para mim e para os outros, se sou uma boa mãe, se consegui me controlar em momentos de estresse para não magoar ninguém, nem a mim, se fui boa profissional, se posso melhorar mais em todos os pontos da minha vida, se sou um bom exemplo para meus filhos. Não sou muito de ir à missa, mas tenho Deus dentro do meu coração, dentro da minha alma, e sempre estou batendo um papinho com ele, expondo minhas dúvidas, minhas alegrias, minhas tristezas. Acredito em Papai Noel, um bom velhinho que trás a felicidade para todos. Talvez se todos acreditassem o mundo pudesse ser melhor.
Queria muito escrever antes do Natal para poder compartilhar com vocês minhas experiências e de repente até iniciar um período de reflexão: o que podemos melhorar para tornar o próximo ano um pouco mais harmônico? Porque, afinal de contas, as pessoas simplesmente reagem às nossas ações.
BEIJOS A TODOS E UM FELIZ NATAL.....
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